quarta-feira, 25 de agosto de 2010

CLIMA E TEMPO : PRINCIPAIS DIFERENÇAS

Tempo (meteorologia)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.




Tempo é o estado da atmosfera num determinado momento, que pode ser interpretado sob as escalas convencionais que podem considerar a atmosfera como quente ou fria, úmida ou seca, calma ou tempestuosa, limpa ou nublada.[1] A maior parte dos eventos meteorológicos ocorre na troposfera,[2][3] a camada mais baixa da atmosfera terrestre. O tempo pode ser referir, geralmente, às mudanças cotidianas na temperatura e na precipitação, onde o clima é o termo empregado para se referir às condições atmosféricas médias ao longo de um período mais prolongado de tempo.[4] Quando o termo é usado sem nenhuma qualificação, "tempo" é entendido como sendo o tempo da Terra.

Os fenômenos meteorológicos ocorrem devido às diferenças de temperatura, pressão atmosférica ou umidade do ar entre uma massa de ar e outra. Um dos principais motores de formação de eventos meteorológicos de escala global é a diferença do ângulo de radiação solar entre a linha do Equador e os polos e a consequente diferença de temperatura entre estas regiões: a região equatorial recebe a incidência solar diretamente, perpendicular à superfície, enquanto que as regiões polares recebem a incidência solar praticamente em paralelo à superfície, tornando a radiação solar mais difusa e com um poder menor de aquecimento. O intenso contraste de temperatura entre as regiões trópicas e polares geram as correntes de jato nas regiões temperadas, e as perturbações nessas correntes de jato podem vir a gerar ciclones extratropicais. Devido ao eixo da Terra estar inclinado em relação ao plano orbital, o ângulo de incidência da luz solar varia conforme o progresso do ano. Na superfície terrestre, a temperatura normalmente varia entre -40 °C e 40 °C anualmente. Por milênios, as mudanças na órbita terrestre afetam a quantidade e a distribuição da radiação solar recebida pela Terra e influenciam o clima em um longo prazo.

As diferenças da temperatura na superfície causam diferenças de pressão atmosférica. Altitudes altas são mais frias do que altitudes baixas devido às diferenças de calor nas diferenças da densidade da atmosfera. A previsão do tempo é a aplicação da meteorologia para predizer o estado da atmosfera em um momento futuro próximo e em um determinado local. A atmosfera é um sistema caótico, e, portanto, pequenas mudanças na atmosfera podem se multiplicar e ter grandes efeitos no sistema como um todo. As tentativas humanas de manipulação do tempo têm ocorrido em toda a história, e há evidência de que a atividade humana, como a agricultura e a indústria, têm modificado inadvertidamente os padrões meteorológicos.

O estudo de como o tempo ocorre em outros planetas têm sido de ajuda no entendimento de como o tempo ocorre na Terra. Um famoso fenômeno meteorológico extraterrestre no Sistema Solar é a Grande Mancha Vermelha de Júpiter, que se trata de um anticiclone que tem a existência conhecida por mais de 300 anos. Entretanto, o tempo não é limitado aos corpos planetários. A coroa solar está constantemente sendo perdida para o espaço, criando o que é essencialmente uma atmosfera muito tênua em torno do Sol, que é a região conhecida como a heliosfera. O movimento de massa ejetada do Sol é conhecido como vento solar.

Índice [esconder]
1 Causas
2 Efeitos
3 Previsão do tempo
4 Modificação do tempo
5 Extremos
6 O tempo fora da Terra
7 O tempo no espaço
8 Ver também
9 Referências



Causas

Nuvens mammatus sobre a Austrália em 2008Na Terra, os fenômenos meteorológicos mais comuns incluem o vento, as nuvens, a chuva, a neve, o nevoeiro e as tempestades de areia. Eventos meteorológicos menos comuns incluem desastres naturais, como tornados, ciclones tropicais e tempestades de gelo. Praticamente todos os fenômenos meteorológicos cotidianos ocorrem na troposfera,[3] a parte mais baixa da atmosfera terrestre. Manifestações meteorológicas podem ocorrer na estratosfera, a camada da atmosfera terrestre logo acima da troposfera, e tais eventos podem modificar os fenômenos ocorridos na troposfera, mas os mecanismos físicos envolvidos praticamente não são compreendidos atualmente.[5]

Os fenômenos meteorológicos ocorrem devido às diferenças de temperatura, pressão atmosférica e umidade do ar entre uma massa de ar e outra. Estas diferenças podem ocorrer devido ao ângulo de incidência da radiação solar, que varia conforme a latitude e tem como consequência a diferença da quantidade de insolação por unidade de área na superfície. Em outras palavras, quanto mais longe a localidade estiver da linha do Equador, menos insolação a localidade irá receber, pois o ângulo de incidência da radiação solar deixará de ser perpendicular à superfície e tenderá a decrescer conforme se avança em direção aos polos.[6] O intenso contraste entre a temperatura nas regiões trópicas para as regiões polares causa a formação das correntes de jato nas regiões de latitude média.[7] Boa parte dos fenômenos meteorológicos ocorridos nestas regiões do planeta é devida à instabilidades das correntes de jato, que podem levar à formação de eventos meteorológicos como os ciclones extratropicais (devido à processos baroclínicos).[8] Os fenômenos meteorológicos ocorridos nas regiões trópicas, como as monções ou tempestades organizadas, como os ciclones tropicais, são causadas por diferentes processos.

Devido ao eixo da Terra estar inclinado em relação ao plano orbital, a luz solar incide em diferentes ângulos conforme o progresso do ano. Em junho no hemisfério norte, o eixo de rotação da terra está inclinada em direção ao Sol, e o ângulo de incidência da radiação solar está mais perpendicular, além da duração do dia estar mais prolongada. Com isso, o hemisfério norte, em junho, tende a receber mais calor proveniente do Sol do que o hemisfério sul, distinguindo o período do ano conhecido como verão. Em dezembro, o processo se inverte e o hemisfério norte recebe menos radiação solar, distinguindo esta época do ano como o inverno.[9] O verão e o inverno são duas das quatro estações; os períodos intermediários são conhecidos como outono e primavera. Por milênios, as mudanças nos parâmetros orbitais da Terra afetam a quantidade e a distribuição de radiação solar recebida pela Terra e influenciam o clima em um longo prazo. Tais mudanças no clima podem ser periódicas, como os ciclos de Milankovitch.[10]

As mudanças na quantidade e distribuição na radiação solar podem ser causadas pela própria influência do tempo meteorológico, como a formação de zonas de gradiente de temperatura e de umidade do ar, e a consequente formação de nuvens e de precipitação.[11] Altitudes altas são mais frias do que altitudes baixas, o que é explicado pelo gradiente adiabático, ou seja, quanto menor a densidade da atmosfera, menor a temperatura ambiente.[12][13] Em escalas locais, as diferenças de temperatura podem ocorrer devido às diferenças de superfície, como os oceanos, florestas, geleiras ou paisagens modificadas artificialmente. Tais superfícies têm diferentes características físicas, como a refletividade, aspereza ou umidade.

As diferenças de temperatura na superfície causam diferenças na pressão atmosférica. Uma superfície quente aquece o ar logo acima, e essa massa de ar aquecida expande-se, diminuindo a pressão atmosférica e sua densidade.[14] O gradiente barométrico horizontal resultante acelera o ar de zonas de alta pressão para zonas de baixa pressão, criando o vento, e a rotação da Terra causa então a curvatura das correntes de vento por meio da força de Coriolis.[15] Os sistemas meteorológicos simples assim formados podem exibir comportamento emergente para produzir sistemas mais complexos e assim produzir outros fenômenos meteorológicos. Exemplos de grande escala incluem a célula de Hadley, e um exemplo de escala menor inclui a brisa litorânea.

A atmosfera é um sistema caótico, e, portanto, pequenas alterações no sistema podem ter grandes consequências do sistema como um todo.[16] Isso dificulta a previsão do tempo de forma mais apurada para um período maior do que alguns dias no futuro, embora os meteorologistas estejam continuamente trabalhando para estender este limite por meio do estudo científico da meteorologia. É teoricamente impossível fazer previsões cotidianas úteis para um período maior do que duas semanas, impondo um limite superior para a capacidade da realização de previsões do tempo.[17]

A teoria do caos diz que a menor variação de um sistema no ponto de partida pode crescer e evoluir, afetando o sistema como um todo após um período de tempo. Esta ideia é às vezes chamada de efeito borboleta, derivada da ideia de que o bater de asas de uma borboleta pode produzir grandes mudanças no estado da atmosfera. Devido à sensibilidade das pequenas mudanças, nunca é possível realizar previsões perfeitas do tempo.

[
Efeitos
Veja também: Biometeorologia.

Enchentes no Rio de Janeiro em abril 2010. Grandes volumes de chuva podem afetar milhões de pessoas em um curto espaço de tempoO tempo tem sido de grande interferência, e às vezes direta, na história da humanidade. Ao lado de mudanças climáticas que têm causado o deslocamento gradual de massas populacionais, como a desertificação do Oriente Médio, e a formação de pontes terrestres durante o período glacial, episódios de tempo severo têm causado a migração, em escala menor, de massas populacionais, e com isso, ficaram registrados permanentemente na história da meteorologia e da população afetada. Um desses eventos meteorológicos extremos foi o impedimento do avanço das frotas mongóis, lideradas por Kublai Khan, pelos ventos "Kamikaze" em 1281.[18] A intenção de possessão da Flórida pela França veio a um fim em 1565 quando um furacão destruiu a frota naval francesa, permitindo assim que a Espanha conquistasse Fort Caroline.[19] Mais recentemente, o furacão Katrina, em 2005, causou a saída permanente de mais de um milhão de pessoas da costa do golfo dos Estados Unidos, tornando-se a maior diáspora da história americana.[20]

A Pequena Idade do Gelo levou a quebra na colheita e levou a grandes ondas de fome na Europa. Na Finlândia, a fome de 1696-97 matou cerca de um terço da população.[21]

Embora o tempo afete as pessoas de maneiras drásticas, também pode afetar de maneiras mais simples. O corpo humano é afetado negativamente por extremos na temperatura, umidade e vento.[22]

[editar] Previsão do tempo
Ver artigo principal: Previsão do tempo

Mapa meteorológico da Europa, mostrando o progresso barométrico da tempestade de vento "Emma", em 3 de março de 2008A previsão do tempo é uma das aplicações da meteorologia para prever o estado da atmosfera em um tempo futuro e em um determinado local. A humanidade tem tentado prever o tempo por milênios, mas a meteorologia começou a ser empregada para as previsões do tempo a partir do século XIX. As previsões meteorológicas são feitas através da coleta de dados sobre o estado atual da atmosfera terrestre, e com a compreensão científica dos processos atmosféricos para projetar como o tempo irá evoluir.[23]

A plataforma principal para a previsão numérica do tempo é a análise da pressão atmosférica e as causas de sua mudança, além de seus desdobramentos.[24] Para isso, foram criados modelos meteorológicos capazes de acompanhar o movimento das massas de ar com diferentes pressões atmosféricas, as suas relações (gradientes de pressão), além de associar a temperatura e a umidade do ar. Tais modelos meteorológicos são capazes de determinar o comportamento da atmosfera para um curto período de tempo no futuro.[23] No entanto, não é possível, com a atual tecnologia, prever todos os desdobramentos da atmosfera; a atmosfera apresenta um comportamento caótico, isto é, um pequeno fator, que pode ser menor do que a margem de erro dos dados numéricos, pode desencadear eventos imprevisíveis.[25] Para minimizar tais erros, é necessário uma massiva coleta de dados numéricos, e as suas interconexões são processadas por supercomputadores. Entretanto, a dinâmica da atmosfera ainda não é totalmente compreendida, e a previsão torna-se cada vez mais imprecisa conforme se aumenta o período de tempo no futuro; os modelos meteorológicos atuais são capazes de prever certos eventos apenas em um período de quinze dias no futuro, e os modelos climáticos não podem prever eventos que poderão vir a ocorrer a mais de oito meses no futuro. Para amenizar os erros, vários modelos meteorológicos são usados em conjunto, estabelecendo-se um consenso entre estes modelos.[23]

Há uma grande variedade de finalidades para a previsão do tempo. Os avisos de tempo severo são importantes para preservar a vida humana e a economia. As previsões baseadas na temperatura e precipitação são importantes na agricultura. A previsão da temperatura também é importante na previsão, por exemplo, da demanda da energia elétrica ou de água para os dias vindouros. O cotidiano das pessoas pode ser alterado conforme a previsão do tempo. As atividades ao ar livre, como a construção civil, também são influenciadas pela previsão do tempo.


Modificação do tempo

A poluição do ar pode causar modificações indesejadas no tempo, como a formação da chuva ácidaA aspiração da manipulação do tempo é evidente em toda a história humana: desde os rituais antigos para trazer chuva às plantações, até a intervenção das Forças Armadas dos Estados Unidos, batizada de Operação Popeye, uma tentativa de corromper a linha de suprimentos militares por meio da tentativa da intensificação e alongamento da estação monçonal no Vietnã do Norte. As tentativas de maior sucesso na manipulação do tempo envolveram a semeadura de nuvens; incluem técnicas de dispersão de nevoeiros e stratus baixos realizadas pelos maiores aeroportos. Também podem incluir a tentativa da indução de uma maior precipitação de neve sobre as montanhas, além de técnicas para evitar o granizo.[26] Um exemplo recente de controle do tempo ocorreu durante as Jogos Olímpicos de Verão de 2008. A China disparou 1.104 foguetes dispersores de chuva de 21 localidades de Pequim, em uma tentativa de afastar qualquer área de chuva do local da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos em 8 de agosto.[27]

Embora haja evidências inconclusivas sobre a eficácia destas técnicas, há extensas evidências de que a atividade humana, como a agricultura e a indústria, resulta na modificação inadvertida do tempo:[26]

A chuva ácida, causada pela emissão de dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio na atmosfera, causa efeitos adversos em lagos de água doce, na vegetação e nas construções.
Poluentes antropogênicos reduzem a qualidade do ar e a visibilidade.
As mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas que emitem gases do efeito estufa podem afetar a frequência de eventos meteorológicos extremos, como secas, temperaturas extremas, enchentes, fortes ventos e tempestades severas.[28]

Os efeitos da modificação inadvertida do tempo podem causar ameaças sérias a muitos aspectos da civilização, incluindo ecossistemas, recursos naturais, produção agrícola, desenvolvimento econômico e saúde humana.[29]

Extremos

A Estação Vostok, no interior da Antártida. No inverno de 1983, a temperatura aos arredores da estação caiu para -89,2 °CNa Terra, a temperatura varia normalmente entre -40 °C a 40 °C anualmente. A variedade de climas e latitudes no planeta pode oferecer extremos de temperatura que se situam fora da variação normal da temperatura. A temperatura mais fria do ar já registrada na Terra é de -89,2 °C na Estação Vostok, Antártida, em 21 de julho de 1983. A temperatura mais alta do ar já registrada é de 57,7 °C em Al 'Aziziyah, Líbia, em 13 de setembro de 1922.[30] A maior média anual de temperatura é de 34,4 °C em Dallol, Etiópia.[31] A menor média anual de temperatura é de -55,1 °C, também na Estação Vostok, Antártida.[32] Mas a menor média anual de temperatura em uma localidade permanentemente habitada é de -19,7 °C em Eureka, Canadá.[33]

O tempo fora da Terra

A Grande Mancha Vermelha de JúpiterO estudo de como o tempo ocorre em outros planetas tem sido visto como útil no entendimento de como o tempo ocorre na Terra.[34] O tempo em outros planetas segue muitos dos mesmos princípios físicos do tempo na Terra, mas ocorre em diferentes escalas e em atmosferas de diferentes composições. A missão Cassini-Huygens para Titã descobriu nuvens formadas de metano ou etano que se precipitam em metano líquido ou em outros compostos orgânicos.[35] A atmosfera terrestre inclui seis zonas de circulação latitudinais, três em cada hemisfério.[36] Em contraste, Júpiter parece possuir muitas de tais zonas de circulação, claramente visíveis devido às diferenças latitudinais de coloração da atmosfera.[37] Titã tem apenas uma corrente de jato, situada aos arredores do paralelo 50°N do satélite,[38] enquanto que Vênus tem apenas uma única corrente de jato perto do seu equador.[39]

Uma das mais famosas manifestações meteorológicas fora da Terra é a Grande Mancha Vermelha de Júpiter, que se trata de um imenso anticiclone que tem a sua existência comprovada por mais de 300 anos.[40] Em outros planetas gasosos, a ausência de superfícies sólidas permite que o vento alcance enormes velocidades: rajadas de mais de 600 metros por segundo (cerca de 2.100 km/h) foram medidas em Netuno.[41] Isto criou um quebra-cabeças para os cientistas planetares. O tempo é basicamente criado pela energia solar, e Netuno recebe apenas cerca de 1/900 da energia recebida pela Terra, mesmo assim a intensidade do fenômeno meteorológico em Netuno é muito maior do que o observado na Terra.[42] Os ventos mais fortes já registrados fora da Terra foram observados no planeta extrassolar HD 189733 b, que se estima que tenha ventos que se movem a mais de 9.600 km/h.[43]

O tempo no espaço

Aurora boreal
Ver artigo principal: Meteorologia do espaço
O tempo não está limitado aos limites planetários. A coroa solar está constantemente perdida para o espaço, criando o que é essencialmente uma atmosfera muito tênua em todo o Sistema Solar. O movimento da massa ejetada pelo Sol é conhecido como vento solar. Inconsistências desses ventos e grandes eventos na superfície solar, como a ejeção de massa coronal, formam sistemas que têm características análogas aos sistemas meteorológicos convencionais (como o vento e pressão atmosférica) e é conhecido geralmente como tempo espacial. Ejeções de massa coronal foram detectados tão longe do Sol quanto Saturno.[44] A atividade desses sistemas meteorológicos espaciais pode afetar atmosferas planetárias e ocasionalmente as superfícies. A interação do vento solar como a atmosfera terrestre pode produzir espetaculares auroras polares,[45] entretanto pode danificar sistemas elétricos sensíveis como linhas de transmissão e sinais de rádio.[46]

ÁGUA NA ATMOSFERA

A ÁGUA NA ATMOSFERA E AS CHUVAS ÁCIDAS.

A presença da água na atmosfera e sua distribuição interferem diretamente nas condições do tempo e na caracterização do clima de cada região. A maior parte da água do planeta encontra-se em constante circulação compondo o chamado ciclo hidrológico. Entenda um pouco mais sobre o funcionamento deste ciclo e como o desequilíbrio causado ao meio ambiente pela ação antrópica pode interferir nele.
O ciclo hidrológico é formado a partir da evaporação da água dos rios, mares, lagos e lençóis subterrâneos e daevapotranspir ação da água presente nos vegetais. Quando transferida para a atmosfera, a água se encontra sob a forma de vapor de água que se condensa e retorna à superfície terrestre através da precipitação, que se dá sob a forma líquida (chuvas) ou sólida (neve e granizo). Ao retornar, a água percorre diferentes caminhos como infiltração para as reservas subterrâneas, o escoamento na própria superfície como águas correntes ou acumulando-se sob a forma de lagos, lagoas e oceanos.
Elementos como a radiação solar, a disponibilidade hídrica da região, o tamanho da superfície evaporada e os ventos são essenciais para a manutenção do ciclo, pois interferem na intensidade da evaporação e da evapotranspiração.
A UMIDADE ATMOSFÉRICA É a presença de vapor de água na atmosfera. Pode variar de um momento para o outro e em diferentes regiões em decorrência dos próprios fatores que condicionam o ciclo hidrológico. Mesmo representando uma pequena quantidade da massa atmosférica, o vapor de água é extremamente importante, pois:
• condiciona a condensação e determina a ocorrência ou não de precipitações de acordo com a sua quantidade; • funciona comoregulador térmico ao absorver o calor proveniente da radiação solar e da terra. • Influi no bem estar da população, pois quando a umidade está muito baixa, as mucosas do corpo humano se ressecam.
A chamada umidade absoluta é a quantidade de vapor de água presente na atmosfera em um dado momento. A atmosfera possui um ponto de saturação, também chamado de ponto de orvalho, que é atingido quando recebe a quantidade máxima de vapor de água que pode suportar. A relação entre a umidade absoluta do ar e seu ponto de saturação é a umidade relativa, que é expressa em porcentagem (Ex.: sendo a umidade absoluta de 10g e o ponto de orvalho de 20g, a umidade relativa será de 50%).
AS PRECIPITAÇÕES ATMOSFÉRICAS
A condensação do vapor de água pode ocorrer junto à superfície terrestre, gerando aspr ecipitações superficiais, como orvalho, neblina e geadas, ou muito acima da superfície, formando nuvens que irão desencadear as chamadaspr ecipi tações não- sup erficiais, como chuvas, neve e granizo. Neblina ou nevoeiro: é uma massa de gotículas de água suspensas no ar, que ocorre próxima á superfície quando esta se encontra mais fria que o ar, que se condensa ao ceder calor para a terra. Orvalho: se forma durante a noite com o rápido resfriamento do ar próximo á superfície, que condensa o vapor proveniente da terra originando gotas de água sobre os objetos e plantas. Geada: é formada quando a superfície atinge a temperatura de congelamento antes que ocorra a saturação do ar, o que transforma o vapor numa camada fina de gelo. É muito comum no inverno do sul do Brasil, onde causa grandes prejuízos à agricultura. Neve:é o resultado da cristalização do vapor de água no interior ou logo abaixo das nuvens quando a temperatura encontra-se baixa, daí porque ocorrem geralmente no inverno e nas altas latitudes. É a precipitação mais comum no domínio polar e o seu acúmulo é responsável pela formação das geleiras da região.
Granizo: também denominado de “chuva de pedra”, ocorre durante o verão em razão das fortes correntes convectivas que levam as gotas de água para regiões mais elevadas e mais frias onde ocorre o congelamento. A precipitação se dá em razão de trovoadas ou nas tempestades, e pode causar inúmeros prejuízos às cidades e à agricultura. Chuva: é toda precipitação líquida que ocorre a partir do contato de uma nuvem saturada de vapor de água com uma camada de ar frio. É a precipitação mais benéfica para o homem e pode ser de três tipos: 1.Convectiva: Origina-se do deslocamento vertical do ar, que se condensa ao entrar em contato com ar mais frio das camadas superiores. São as chuvas mais fortes (maiortorre ncialidade) e geralmente são rápidas e vêm acompanhadas de trovões.
2.Orográfica ou de relevo: Resulta do deslocamento horizontal do ar que se condensa a partir do choque das massas com o relevo (serras e montanhas). A região situada antes da barreira orográfica, onde ocorrem as chuvas, é chamada debarlav ento. A região que fica depois da barreira, por ficar privada das chuvas, é geralmente de clima árido ou semi-árido e é chamada desot av ent o.
3.Frontal: Ocorre a partir do encontro de uma massa de ar frio (frente fria) com uma massa de ar quente (frente quente). São chuvas menos intensas e mais duradouras, sedo benéficas à agricultura, já que não promovemerosão oulix iv iação (desgaste do solo provocado pela força da chuva, que produz uma “lavagem”com a retirada de matéria orgânica e sais minerais).
- Toda chuva possui caráter ácido, mas as chamadas chuvas ácidas são as precipitações cujo nível de acidez é prejudicial ao geossistema. As gotas de água vêm carregadas de ácido nítrico, nitroso e sulfúrico a partir da presença de elementos como o enxofre na atmosfera, advindo da própria natureza (emissão de gases pelos vulcões) e principalmente da ação antrópica (lançamento de poluentes pelas indústrias, pela queima de carvão e pelos veículos). CHUVA ÁCIDA NATURAL Em ambientes não-poluídos, o gás carbônico (CO2) presente na atmosfera provém do processo de respiração de animais e vegetais e da queima de combustíveis fósseis. Esseóxido ác ido reage com a água da chuva (H2O), gerando como produto o ácido carbônico (H2CO3). Esse tipo de chuva ácida é natural, não sendo, portanto, prejudicial ao ambiente.
CHUVA ÁCIDA DO NITROGÊNIO Em ambientes com relâmpagos ou com grande quantidade de veículos com motores de explosão, ocorre a reação entre o nitrogênio (N2) e o oxigênio (O2) que dá origem aos óxidos de nitrogênio, sobretudo ao NO2. É importante salientar que essa reação é muito difícil de ocorrer, pois para isso é necessária uma grande quantidade de energia. Tais óxidos de nitrogênio são capazes de reagir com a água da chuva, deixando-a ácida. Essa chuva implica profundos estragos ao ambiente.
CHUVA ÁCIDA DO ENXOFRE Em ambientes poluídos, tanto pela atividade industrial, quanto pela queima de combustíveis, ocorre um outro tipo de chuva ácida devido aos óxidos de enxofre. O dióxido de enxofre (SO2), por exemplo, reage com o oxigênio atmosférico (O2), gerando otrióxido de enxofre (SO3). Este também reage com a água da chuva, deixando-a ácida, devido ao surgimento doácido sulf úr ic o
(H2SO4). Dentre os inúmeros prejuízos decorrentes desse tipo de chuva ácida, podemos citar a poluição do solo, tornando-se impróprio para a agricultura, a poluição dos rios, lagos e matas, devido à acidez, e os danos causados aos vegetais. Elas possuem um efeito corrosivo que danifica não só as edificações, podendo ainda causar problemas respiratórios no seres humanos. Em algumas regiões industrializadas dos EUA e da Europa, diversos rios, lagos e represas não possuem mais nenhuma forma de vida em virtude da ação violenta dessas chuvas.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ÁGUA VIRTUAL: COMPREENDA!

Na atual conjuntura do mercado internacional de commodities, o Brasil ocupa um espaço muito importante, sendo um dos maiores exportadores de soja, carne e açúcar. Em termos econômicos, o peso crescente que esses produtos possuem na balança comercial brasileira torna essas atividades produtivas essenciais para o país. A disponibilidade de terras cultiváveis e de recursos hídricos, além dos custos relativamente baixos de produção, fazem com que o Brasil ocupe essa posição de destaque no cenário internacional. Em termos ambientais mais amplos, significa a transferência de um recurso ambiental que o Brasil possui em grande quantidade, a água, para países que não dispõem desse recurso. Em termos de mercado internacional, quando se consideram as vantagens comparativas de cada país, essa situação é bastante plausível. Entretanto, quais as implicações desse processo de transferência? Como essa inserção no mercado internacional está impactando a disponibilidade e a qualidade desse recurso fundamental que é a água?

Para buscar possíveis respostas a essas questões, recorremos à concepção de “água virtual” (“virtual water”). A articulação dessa concepção com a legislação existente sobre gestão de recursos hídricos no Brasil é reveladora em termos dos riscos que se configuram em relação à água. Nesse sentido, salienta-se a criação de um extenso arcabouço legal para proteção e racionalização do uso da água. Tal arcabouço tem na cobrança pelo uso da água bruta um dos seus principais instrumentos de gestão. Entretanto, destaca-se a dificuldade do setor agropecuário em se submeter a essa legislação, especialmente no que se refere à cobrança. Esse fato é relevante, e fonte potencial de conflito entre os diversos setores consumidores, principalmente considerando que o setor agrícola é o principal usuário de água do país, e que esse setor está cada vez mais voltado para abastecimento do mercado externo.

“Virtual water” foi uma expressão cunhada por A. J. Allan, professor da School of Oriental & African Studies da University of London, no início da década de 901. A mesma idéia havia sido chamada pelo autor como “embedded water”, termo que acabou não obtendo impacto, e acabou relegado a um segundo plano, muito embora ainda apareça na literatura. Em um texto curto, mas muito interessante, Allan (1998) sistematiza os principais elementos do conceito, destacando a necessidade de água decorrente do crescimento populacional e do padrão de consumo de alimentos, que por sua vez possui implicações diretas sobre a utilização da água. A repercussão do termo “virtual water” passou a ser mais expressiva quando o grupo liderado por A. Y. Hoekstra da University of Twente (Enschede), na Holanda, e UNESCO-IHE Institute for Water Education realizou um trabalho de identificação e quantificação dos fluxos de comércio de “virtual water” entre os países (HOEKSTRA; HUNG, 2002), tornando operacional o conceito.

Em sua essência, água virtual diz respeito ao comércio indireto da água que está embutida em certos produtos, especialmente as commodities agrícolas, enquanto matéria-prima intrínseca desses produtos. Ou seja, toda água envolvida no processo produtivo de qualquer bem industrial ou agrícola passa a ser denominada água virtual. Sendo assim, a concepção de água virtual se apóia em um argumento relativamente simples, muito embora exista uma grande complexidade para sua aferição empírica.

Os cálculos envolvidos nas estimativas do volume de comercialização da água virtual, no entanto, são complexos. Para estimar estes valores, deve-se considerar a água envolvida em toda a cadeia de produção, assim como, as características específicas de cada região produtora, além das características ambientais e tecnológicas. Nesse sentido, a concepção de água virtual está relacionada intimamente ao conceito de “pegada ecológica” (ecological footprint), pois é necessário perseguir os passos e etapas do processo de produção avaliando detalhadamente cada elemento, os impactos e os usos dos recursos naturais envolvidos no processo como um todo, desde a sua matéria-prima básica até o consumo energético. Chapagain et al. (2005) discutem as similitudes que existem entre água virtual e pegada ecológica.

Em termos metodológicos, salienta-se que nas pesquisas sobre o comércio de água virtual são utilizadas diversas fontes de dados, especialmente aquelas que possibilitam a construção de comparações internacionais, e que possuem caráter oficial, por estarem ligadas à ONU. Os trabalhos de Hoekstra e Hung (2004), Chapagain, Hoekstra e Savenije (2005) e Chapagain et al. (2005) mostram a potencialidade desses conjuntos de fontes de dados, através da análise de situações regionais específicas ou de commodities específicas, como o algodão. A vantagem do uso das informações desses órgãos para a criação de um banco de dados sobre o comércio virtual de água reside também na padronização de unidades feita por esses órgãos, além do acesso facilitado a informações que tais órgãos permitem. Dessa forma, as estimativas sobre a composição dos fluxos e a intensidade desse comércio têm uma maior confiabilidade (HOEKSTRA; HUNG, 2004). Assim, para identificar a quantidade de água utilizada em plantações, os dados empregados neste trabalho foram obtidos da Food and Agriculture Organization (FAO); para a composição das informações sobre o comércio entre nações, possibilitando assim estabelecer a quantidade de água virtual nele embutida, foi utilizado o Banco de Dados Estatísticos de Comércio de Commodities (COMTRADE) das Nações Unidas, e também dados do Centro Internacional de Comércio em Genebra.

Neste texto abordamos especificamente a quantidade de água virtual contida nos produtos primários de exportação brasileiros de maior participação na balança comercial: soja, carne e açúcar. O objetivo é apresentar quais são os impactos ambientais envolvidos no avanço das exportações destes produtos e, dessa forma, avaliar o papel do Brasil no cenário internacional de uso da água. Dentro dessa perspectiva, o texto aborda também aspectos como a cobrança pelo uso da água bruta, o conceito de risco e a utilização da água pelos diversos setores demandantes, especialmente a agropecuária.

2 Estimativas de exportação de agua virtual: o caso brasileiro

Define-se o conceito de água virtual como o volume de água demandada para produção de determinada commodity. Ou seja, o volume em m3 de água necessários para a produção de x toneladas de soja, arroz, açúcar etc. Pode-se assumir que, juntamente com as divisas geradas pela exportação destes produtos, existe um valor adicionado que não é contabilizado e que, visto desta maneira, pode representar muito mais do que apenas o equilíbrio da balança comercial de determinado país, mas, sobretudo, a sua sustentabilidade ambiental a médio e longo prazo.

A análise dos estudos elaborados no âmbito do “Virtual Water Trade Research Programme” (UNESCO) evidencia a relação entre os países “reservatórios” mundiais de água doce e a sua capacidade de geração de divisas. Entretanto, os recursos hídricos envolvidos na produção dos bens exportados podem acabar se tornando escassos até mesmo em regiões em que há relativa abundância. O caso brasileiro é exemplar, quando consideramos a produção de produtos primários como a soja e o açúcar, ou ainda de produtos semi-manufaturados como cortes de carne bovina.

Inicialmente há que se ressaltar que existe uma distribuição desigual da disponibilidade hídrica entre as diversas partes do planeta, além de existir também uma variação sazonal que é importante – com a concentração de períodos chuvosos em alguns meses do ano. De modo geral, a região das Américas se posiciona mais confortavelmente, pois possui uma relativa abundância de água; por outro lado, as regiões do centro, sul e sudeste asiático se encontram em uma situação crítica, por apresentarem recursos mais limitados, embora estejam cada vez mais se destacando como importantes exportadores no cenário econômico internacional, sobretudo, de água virtual.

Pensando assim, Hoekstra e Hung (2002) mapearam o fluxo mundial de água virtual dividindo o globo em países exportadores e importadores, que se relacionam formando uma balança comercial. Alguns países e regiões assumem a função central nessa balança e se destacam por sua posição de exportadores. São eles: Brasil, América do Norte, América Central e também o Sudoeste Asiático. Como importadores, destacam-se os continentes europeu e africano, Oriente médio, e grande parte do continente asiático. Os fluxos entre importadores e exportadores ocorrem da seguinte forma: o Brasil tem como seu maior mercado a Europa e a Ásia (especialmente China); a América do Norte tem como maiores mercados a Europa, a Ásia, a África e também uma parcela na América Central. Ainda como exportadores, mas com fluxos um pouco menores, estão a América Latina, com seu mercado na região central e sul da Ásia, e o sudoeste asiático, também como exportador para regiões da própria Ásia (especialmente a área central e sul).

As estimativas de cálculo para os volumes de exportação e importação de água virtual foram baseadas em uma vasta lista de produtos que se encontram entre os principais responsáveis pelas transações comerciais internacionais. Assim, considerou-se a demanda de consumo para produção de cada um destes produtos, considerando as especificidades de cada produto e cada região em termos de demanda por recursos hídricos2. E para que estas demandas específicas fossem encontradas, foi necessário estimar o volume de água contido em cada um destes produtos em cada uma das regiões, seguindo os seguintes critérios: os parâmetros climáticos da região; as características do produto (evapotranspiração); a produtividade (t/ha); e o comércio internacional.

Assim, a produção de um mesmo bem pode demandar um volume de água diferente, dependendo das características climáticas locais, do rendimento e da produtividade desta região. Ou seja, a demanda por água na produção de soja será diferente dependendo do local onde for plantada, tanto por questões climáticas como pela produtividade que envolve as características específicas do modo que estas culturas são desenvolvidas em diferentes locais. O conjunto de aspectos que incidem sobre as estimativas está representado na Figura 1.







De forma similar, foi realizado o cálculo da demanda de água para produtos como carnes e derivados. Nesse caso foi considerada a demanda para a produção de grãos (que serviriam para a alimentação básica do rebanho), mas tiveram de ser adicionadas ainda as demandas por consumo direto (água para dessedentação do rebanho), tratamento (serviços como limpeza etc.) e ainda volumes necessários para o processamento dos produtos finais. Com base nestes cálculos é possível consultar os volumes de água por tonelada produzida de uma grande variedade de produtos importantes no cenário comercial internacional3.

A Tabela 1 apresenta as estimativas realizadas pela FAO de demanda de água para a produção de um conjunto de culturas. Salienta-se que são estimativas de demandas médias, que podem apresentar variações em função de características regionais específicas, como solo e clima. A FAO realiza estas estimativas para todos os países do mundo, considerando essas variações em nível de país. Entretanto, a extensão territorial e as diferenças regionais podem incorporar imprecisões no caso do Brasil, o que não invalida a utilização desta fonte de dados para a finalidade dos cáculos que apresentamos neste trabalho.




O resultado da aplicação dessa metodologia para o caso brasileiro, destacando os produtos soja, carne e açúcar, está apresentado na Tabela 2. Foram utilizados os dados de exportação de cada produto, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e do volume de água virtual contida em cada produto a partir dos dados da FAO. Nota-se que a exportação de commodities aumentou significativamente, o que se reflete no volume de água virtual exportada pelo país. Em menos de dez anos o volume exportado mais do que triplicou. Em termos de volume, a soja se destaca, com mais de 50 bilhões de m3 exportados em 2005, com o país se consolidando como o maior exportador mundial desse produto. O peso relativo da produção de carne também cresceu expressivamente no período, sendo que o aumento do rebanho brasileiro sinaliza no sentido do país se estabelecer também como maior exportador mundial de carne.




De acordo com os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em 2005, a soja foi responsável por mais de 58% das exportações deste grupo de commodities (soja, carnes e açúcar) do país. O principal comprador da soja foi o mercado chinês, captando 32% das saídas brasileiras. Neste país, o produto destina-se ao abastecimento do parque industrial, que possui uma capacidade de processamento de aproximadamente 30 milhões de toneladas/ano, o que representou 17% do esmagamento mundial no ano de 2005.

No mesmo ano, considerando apenas a soja, a China apresenta-se como um dos principais importadores de água virtual brasileira, tendo levado 16,1 bilhões de m3. De acordo com dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), o volume exportado equivale a quatro vezes o consumo médio diário de toda a Região Metropolitana de São Paulo. O uso intensivo para o processamento tem o farelo de soja como principal produto final, utilizado, basicamente, para nutrição animal. Há que se considerar que a utilização de água para produzir ração animal, que em seguida vai se transformar em carne para consumo humano, não é uma forma eficiente de utilização da água, conforme discutimos adiante.

A importância do manejo adequado da água nos grandes centros urbanos se destaca por conta da pressão exercida pelo não tratamento e pela relativa escassez hídrica encontrada na maioria dessas áreas, conforme aponta Carmo (2005). Entretanto, pouco se discute – tanto na mídia como nas discussões mais gerais – a respeito da utilização adequada da água na agricultura. No Brasil, assim como na média geral mundial, o consumo de água na agricultura é o mais extensivo dentro dos três grandes grupos de demandantes, chegando a representar mais de 60% do consumo total de água, conforme pode ser observado na Figura 2. O avanço na produção e nas exportações nem sempre tem sido acompanhado por maior eficiência no uso de água. Por conta disso, podemos verificar que além de ser o setor que mais consome água no país, é a agricultura também o setor que apresentou o maior aumento absoluto no volume total consumido.




A grande participação do setor agrícola no consumo de água se explica principalmente pelo uso da água para irrigação. Com a intensificação da prática da irrigação como uma alternativa estratégica para aumentar a oferta de produtos agrícolas, as áreas irrigadas no Brasil vêm aumentando. No período de 1992 a 2002 a área irrigada teve crescimento de 8%, conforme pode ser observado na Figura 3. Entretanto, é necessário que haja um manejo racional da irrigação, considerando não apenas as técnicas mais modernas, mas também a aplicação das quantidades adequadas para cada tipo de cultura nos períodos ótimos. Atualmente, por não adotar um método de controle da irrigação, o produtor rural acaba utilizando água em excesso para garantir que a cultura não sofra um estresse hídrico, o que poderia comprometer a produção. Esse excesso tem como conseqüência um desperdício de energia e de água, usados em um bombeamento desnecessário.




Telles (1999) aborda esse uso inadequado da água para a irrigação e para a dessedentação de animais. Segundo o autor, os pontos de maior conflito são o desperdício e a pouca preocupação com a qualidade da água. Outro aspecto a ser mencionado é que a água utilizada amplamente no setor agropecuário não retorna à suas fontes de origem ou retorna a eles comprometida por contaminação de pesticidas ou através dos dejetos do rebanho.

Telles (1999) elabora uma análise da utilização da água em nível das regiões brasileiras, salientando as especificidades. Aponta que, nas regiões Sul e Sudeste há grande utilização da irrigação sendo que o pouco cuidado com a mensuração do volume de água a ser utilizado é bastante comum. Já em regiões como a do Nordeste, a produção e a criação dos rebanhos é muito afetada pela disponibilidade de água; a “irrigação obrigatória”, como salienta Telles, é um aspecto importante de diferenciação com outras regiões do país. Enquanto nas demais regiões utiliza-se a irrigação predominantemente como complemento necessário à produção, com a utilização de técnicas e produtos diferenciados, no Nordeste é praticamente obrigatória a utilização da irrigação para que possa haver produção. Um dado preocupante apontado por Telles (1999) e explicitado na Figura 3 é o aumento da área irrigada, que segundo o autor não segue parâmetros racionais de uso ou adequação de quantidade, qualidade ou aprimoramento técnico.

Os elementos apresentados apontam no sentido de que as conseqüências do aumento da produção e exportação de produtos agrícolas como a soja, assim como a carne, apresentam aspectos importantes a serem considerados. Consolida, por um lado, a posição estratégica do Brasil dentro da economia internacional e, por outro, uma realidade na qual o país se torna um grande exportador de água. Assim, embora tenhamos uma das maiores reservas de água doce do mundo, é possível que essa abundância relativa venha a se tornar um motivo de importantes negociações e conflitos futuros, idéia que desenvolvemos a seguir, a partir da discussão sobre a legislação de recursos hídricos no Brasil.

3 Mercado internacional de água e legislação de recursos hídricos

Sendo parte integrante e indissociável da produção das commodities carne e soja, a água passa a figurar em um comércio internacional que explora a abundância (ou a escassez) de recursos hídricos como um dos pontos chaves para decisão sobre “o que” e “onde” produzir. O comércio direto de água entre nações não deve ser levado em conta, pois não é algo que realmente toma vulto no comércio internacional na atualidade; porém, a água que é absorvida e comercializada entre nações através de seus produtos é uma realidade. E mais do que uma realidade, esse comércio identifica e divide o que produzir, e onde, segundo a quantidade de água disponível e necessária para a produção. Portanto, esse comércio equilibraria as nações e forneceria uma diversidade de produtos aos países com escassez hídrica que não poderiam ser produzidos com a quantidade de água neles existente sem prejuízo para o abastecimento da população. A função maior desse mecanismo então seria a de possibilitar às diferentes localidades uma produção de maneira a não onerar seus recursos e, ao mesmo tempo, possibilitar o comércio entre os que têm abundância ou escassez de recursos hídricos.

A partir dos dados e da constatação da existência desse comércio de “água virtual”, o debate sobre o papel de países no comércio internacional e sobre as conseqüências de um comércio orientado por abundância ou escassez de água pode ser iniciado de forma que, ao delegar ao comércio a função de estabelecer o que se produzirá em cada país com base na quantidade de água existente em seu território, pode-se gerar discussões e evidenciar novos conflitos para a população de diversos países. De forma específica, no Brasil a disponibilidade de água se concentra muito mais na Região Norte do país do que nas já estabelecidas regiões de produção agropecuária do Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. Contudo, observa-se a expansão da produção de soja em direção à Região Norte, que é uma região abundante em água e em terras agriculturáveis, mas que também abriga importantes remanescentes florestais e rica biodiversidade, além de ser pouco povoada.

O direcionamento dessa produção demonstra como seria danosa a divisão de produção determinada apenas pela abundância ou escassez de recursos hídricos por conta de todo o debate sobre a preservação da região. Possuir água em abundância e terras a baixo preço não podem ser os únicos fatores determinantes para a substituição de áreas de floresta por pastagens ou grandes plantações. A grande questão não é a cultura de soja ou a expansão da pecuária, que são atividades importantes para a economia do país. O problema é a forma altamente impactante que essas atividades possuem, em movimentos sucessivos de ocupação do espaço que transformam floresta em pasto, por exemplo. No caso da soja, a capacidade de mobilização de capitais para a sua produção só se torna possível se esta for plantada em grandes extensões, o que significa uma série de implicações em termos socioambientais.

Assim, antes mesmo de se pensar no comércio como determinante da divisão da produção por países, outras questões de política hídrica e econômica teriam de ser averiguadas. Por isso, alguns autores sugerem uma visão holística (HOEKSTRA; HUNG, 2004) dos recursos hídricos, pensando em suas faces econômica, política, social e ambiental, em que conste a segurança hídrica para a população e condições de produção industrial e agrícola para os outros setores da sociedade.

No caso brasileiro, seria aplicar-se a política das águas proposta na lei de recursos hídricos (Lei 9.433/97). Alguns aspectos desta Lei são fundamentais, e representam importantes avanços em termos da gestão da água. Dentre estes aspectos estão: a democratização das decisões, com a implementação dos comitês de bacia, e a descentralização das decisões. Os principais instrumentos de operacionalização da gestão são a outorga de direito de uso, que possui grande potencial de organização das demandas, e a cobrança pelo uso de água bruta como instrumento de gestão. Existem ainda poucas bacias hidrográficas que aprovaram a cobrança pelo uso da água no país. O Estado do Ceará possui a experiência mais antiga, sendo que recentemente, a partir de 2003, a cobrança foi implementada também na bacia do rio Paraíba do Sul, que abrange os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, e é discutida por Pereira (2003).

Em todas as experiências de cobrança destaca-se uma questão específica, além do grande debate que tem se constituído em torno do tema. Essa questão é a aplicação da cobrança pelo uso da água ao setor agropecuário. Conforme apontamos anteriormente, a agricultura é o setor que mais consome recursos hídricos, configurando-se inclusive como grande exportador de água virtual. Entretanto, o setor agrícola é também o que mais resiste a se enquadrar na legislação da cobrança. Esse debate também é colocado de forma clara por Telles (1999), num texto especificamente sobre o uso da água na agricultura e sua interface com a política de recursos hídricos. Segundo este autor, é a política de recursos hídricos e suas sanções por meio da outorga e da cobrança que deverá resultar em maior racionalidade no uso da água nos setores agrícolas e pecuários.

Conjugando, então, a existência da cobrança com a produção de grãos que demandam água em abundância (como é o caso do tipo de produção que teoricamente caberia ao Brasil), temos a coexistência de um padrão comercial exigido para o país e, por outro lado, uma legislação que, caso seja efetivamente aplicada, poderia dificultar a manutenção desse padrão produtivo. A partir deste ponto podemos iniciar a discussão sobre como conjugar o papel de recurso indispensável à produção com as questões de escassez e preservação para continuidade dessa mesma produção, ameaçada pelo uso excessivo e degradação dos recursos hídricos. Um dos grandes problemas a serem equacionados para a efetivação da cobrança é estabelecer parâmetros, justificáveis socialmente, para tarifas diferenciadas por tipo de consumo. A questão que se apresenta é: até que ponto os consumidores domiciliares e industriais vão sustentar o sistema de cobrança sem que o setor agropecuário seja incorporado?

A partir dessa discussão pode-se vislumbrar como a dinâmica de gestão dos recursos hídricos se mostra complexa. Especialmente porque envolve várias políticas internas particulares a cada nação e as prioridades, muitas vezes contraditórias, estabelecidas para o uso dos recursos hídricos.

É por demasiado simples pensar que uma perspectiva econômica liberalizante para os recursos hídricos equilibraria os dilemas do uso de um recurso cada vez mais escasso como a água. Por essa perspectiva, o comércio iria compensar o uso da água em grande quantidade, tendo em vista o montante monetário arrecadado com a exportação; ou seja, o comércio entraria em equilíbrio por si só. Entretanto, a abundância de recursos hídricos de uma determinada nação não irá necessariamente suprir a demanda internacional, segundo Wichelns (2004); se a produção mundial passar a seguir uma divisão entre “nação abundante” e “nação de escassez” pode inviabilizar a segurança hídrica global.

O ponto tocado por Wichelns é retomado de forma mais leve nas considerações do World Water Council e do Instituto para a Educação da Água da Unesco, onde várias prerrogativas são dadas para o estudo do conceito de água virtual e principalmente para a prática saudável do comércio utilizando-se desse conceito. Segundo tais órgãos, água virtual tem de ser uma opção de política, ou seja, pode aliviar a pressão sobre países com pouca oferta de recursos hídricos, mas deve vir acompanhada de uma política de conscientização para o uso de produtos que demandem uma quantidade de água menor.

4 Segurança e risco internacional

Considerar a água como produto de exportação indireta brasileira nos remete ao processo de dispersão de riscos ambientais em escala global, pois evidencia quem está pagando a conta da escassez dos recursos hídricos de outras regiões do mundo. Todos os produtos brasileiros que são exportados, sobretudo os produtos agrícolas, demandam um volume de água para serem produzidos e essa água é “exportada” juntamente com estes produtos (soja, carne ou cana-de-açúcar) sem que seja contabilizada. Assim, quando os limites da modernização atingem os patamares da escassez, mudam as ameaças a que estamos expostos.

As ameaças do passado não podem ser comparadas às de hoje: não são nem maiores nem menores; elas mudam, perdem e ganham relevância ao longo do tempo. Mudanças tecnológicas fazem antigas ameaças serem extintas, criando outras exatamente por conta das inovações implantadas na vida cotidiana. Embora o enfrentamento de perigos sempre tenha sido parte da vida cotidiana, as ameaças contemporâneas sobrepõem os limites da consciência dos agentes sociais. A possibilidade de cálculo dos riscos sempre foi objetivo da ciência e da técnica moderna. Assim, o desenvolvimento da sociedade sempre foi pautado na consideração dos riscos e na sua real potencialidade de efetivação em determinados contextos.

O mundo contemporâneo parece estar anestesiado pelo desenvolvimento de sistemas complexos que, na ânsia de sua própria superação, acaba por criar efeitos não esperados que eventualmente se tornam mais complexos e muitas vezes impossíveis de serem solucionados. Ou seja, a Sociedade de Risco está marcada pelas incertezas; é uma sociedade pautada não mais pela distribuição das riquezas, mas pela redistribuição e fuga de riscos. Enfim, é uma sociedade caracterizada por um estado intermediário entre a segurança e a destruição, onde a percepção ameaçadora do risco determina, em última instância, o pensamento e a ação (BECK, 2001).

É nesse contexto que se observa, no caso brasileiro, assim como na América Latina como um todo, um cenário particular na composição da sociedade moderna. Embora a situação seja híbrida e multifacetada, devido à sua origem na mesma matriz cultural e ao processo de mundialização cultural e da globalização, pode-se perceber sinais dessa mudança no conjunto da dinâmica social, econômica e política dos mais diferentes países.

Neste cenário, a ciência, a técnica e o planejamento emergem como instrumentos promissores e seguros para um verdadeiro controle da natureza e da sociedade; contudo, esta expectativa é abalada por evidências massivas: a energia nuclear, a tecnologia de armamentos e o avanço no espaço, a pesquisa genética e a intervenção da biotecnologia no comportamento humano, a elaboração de informações, o processamento de dados e os novos meios de comunicação são técnicas de conseqüências ambivalentes que, quanto mais complexas se tornam, tanto maiores são os efeitos colaterais disfuncionais (HABERMAS, 1987, p. 105).

Segundo Ulrich Beck, a sociedade do pós-guerra é a sociedade de risco, “onde não se tem mais uma proposta de distribuição dos ganhos, mas sim a distribuição dos prejuízos” (BECK, 1992, p. 3). Ou seja, uma “democratização” dos riscos como contrapartida essencial no usufruto das vantagens da modernidade, que são tão visíveis quanto inegáveis. Pois, em um mundo globalizado, em que as transações comerciais atingem proporções planetárias, os riscos se distribuem com uma facilidade muito mais ampla.

5 Água Virtual: uma agenda para investigação

A discussão sobre água virtual abre espaço também para questionamentos ainda mais profundos. Um desses questionamentos, que tem apresentado pouca repercussão ainda no Brasil, diz respeito à produção de alimentos, discutindo a quantidade de água empregada na produção e o significado dessa produção em termos nutricionais. Uma das principais referências dessa discussão é David Pimentel.

A questão central, defendida por Pimentel (2004), é que o volume de água gasto em alguns produtos é muito elevado, e que haveria possibilidades de diminuição significativa da demanda de água a partir de modificações na dieta alimentar de várias populações. Pimentel (2004) reafirma o que está presente em vários textos de sua autoria, chamando atenção para o volume elevado de água que se gasta para a produção de alimentos, atentando especificamente para o fato de que a produção de carne é um dos principais consumidores de água. Isso considerando o caso dos rebanhos que são alimentados com ração. Lembrando que a ração é produzida principalmente a partir de grãos, que por sua vez são grandes demandantes de água. As estimativas da FAO sobre quanto de água se gasta para a produção dos alimentos encontra-se na Tabela 1, salientando que são dados médios, tendo em vista a grande variabilidade que existe em termos ambientais e de variedades dos produtos.

Pimentel (2004) afirma a necessidade de que se reestruture o cardápio, de maneira que ele seja mais “sustentável”, privilegiando os produtos que exigem menos água para sua produção. Assim, um prato com batata e frango, por exemplo, exige muito menos água para sua obtenção do que um prato com arroz e bife bovino. Outro aspecto a ser destacado é que grande parte da soja produzida atualmente se destina a virar ração para o rebanho bovino. Esse procedimento, embora seja rentável em termos econômicos, não é o mais adequado em termos de eficiência hídrica.

A culinária é uma das características que mais individualizam as sociedades. Cada cultura possui seus pratos típicos, aos quais geralmente estão associados rituais e manifestações culturais específicos. Observa-se ao longo das últimas décadas uma tendência de expansão de um modelo de alimentação baseado em “fast food“, que prioriza os hambúrgueres compostos de pão e carne bovina. Além de suas qualidades nutricionais insuficientes, esse tipo de dieta é altamente demandante de recursos hídricos, o que significa um elemento a mais a ser considerado quando se observa a difusão desse tipo de alimentação por todo o planeta.

Quando se discute a questão alimentar, quase que de imediato se retorna à questão malthusiana: teremos alimentos para a população em crescimento? Gleick (2000) apresenta um resumo bem interessante da discussão sobre esse tema.

Nos próximos 50 anos ainda assistiremos ao crescimento da população mundial, que deve se estabilizar por volta de 9 bilhões de habitantes. Não se pode ficar preso à armadilha do pensamento malthusiano; entretanto, uma questão importante a ser enfrentada é como alimentar essa população, principalmente considerando que a produção de alimentos está estreitamente relacionada com a disponibilidade de água, e que alguns dos alimentos exigem muito mais água para serem produzidos do que outros. Tendo em mente esses processos e uma perspectiva de mais longo prazo, talvez comece a fazer sentido a idéia de se discutir os atuais padrões de alimentação.

Da mesma forma, o contexto atual de globalização econômica, com dispersão dos riscos ambientais em escala global, torna necessário avaliar o consumo de água também nessa escala mais ampla. Além de uma perspectiva mercadológica, a concepção de água virtual pode trazer instrumentos para analisar e compreender como as trocas de água estão se configurando entre as diversas regiões do planeta. A partir desse conhecimento, pode-se partir para um aprofundamento das discussões sobre os padrões de consumo desse elemento natural fundamental, que é a água.

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CHAPAGAIN, A. K.; HOEKSTRA, A. Y.; SAVENIJE, H. H. G. Saving water through global trade. Value of Water Research Report Series, Netherland: UNESCO/IHE, n. 17, Sept. 2005. [ ]


CHAPAGAIN, A. K. et al. The water footprint of cotton consumption. Value of Water Research Report Series, Netherland: UNESCO/IHE, n. 18, Sept. 2005. [ ]

A ÁGUA VIRTUAL

ÁGUA VIRTUAL: ENTENDENDO COMO FUNCIONA

Tudo o que a sociedade moderna consome.De alimentos a automóveis, de luxo ou os mais simples. A eletricidade, o cafézinho do shopping ou aquela camiseta de algodão que você adora.
A água virtual, é a quantidade de água usada direta ou indiretamnete, na produção de algo. è a quantidade de água necessária para poduzir determinado bem. Países em regióes secas ou semi-áridas como por exemplo Oriente Médio, importam água virtual ao compar metcadorias de outras nações, como alimentos e bens industriais. Como se usa muita água na agricultura 2.325 litros para 150g de carne bovina, países que exportam produtos agricolas utilizam mais seu manancial do que os que vendem bens industriais.
Recentemente, a valoração econômica da água tem sido discutida no cenário político brasileiro. Faz parte dessa discussão a incorporação da água nos produtos que circulam no mercado, especialmente através de commodities, utilizando o conceito de “água virtual”. Este trabalho avalia o impacto da utilização do conceito de água virtual no cenário brasileiro, ao mesmo tempo em que discute as decorrências dessa exportação.

A BIODIVERSIDADE EM NOSSAS MÃOS!

Nosso país é um dos mais ricos em biodiversidade no mundo e abriga cerca de 20% de todas as espécies conhecidas. Mais também é aqui que ficam dois dos "hotspots" do planeta: àreas riquissimas em biodiversidade ameaçads de destruição: A Mata Atlântica e o Cerrado.